Há 5 mil anos nas planícies da Ásia Central perto da fronteira chinesa cercada de lagos e montanhas, lentamente, uma parcela dos cães foi levada pelos seus donos (Visigodos) seguindo o caminho sul chegando à Índia, e, posteriormente, ao Oriente Médio.Tais cães seriam os precursores dos cães d'água de hoje. Estes cães eram naquele tempo pastoreiros e usados também para a guarda. Eles tinham pelagem muito densa e subpelo, seu tamanho era muito maior, em torno de 60 a 70 cms.
Ao longo de séculos, estes cães foram desenvolvendo suas aptidões na água e deixaram de ser pastoreiros, tornando-se os Canis Acquaticus. No século VII a.C., nos livros sagrados Zend-Avesta, os ancestrais do atual Cão D'água Português eram mencionados como o mais valioso dos cães, pois o grande deus, Ahura-Mazda, havia concedido a estes cães qualidades comparadas aos santos, devido às suas excepcionais habilidades. Há uma referencia a Zoroastro em que era punido todo aquele que molestasse um Cão D' água.
No século V, estes cães foram introduzidos na Península Ibérica pelos Mouros. Seu habitat tornou-se a região do Algarve. Sabe-se que o Cão D'água também era conhecido pelos Egípcios, Romanos e Vikings.Há outras hipóteses para o surgimento da raça na região do Algarve, mas, a apresentada é a mais aceita.


Padrão Comentado e Temperamento
PADRÃO OFICIAL: Bruno Tausz
I - ASPECTO GERAL E APTIDÕES: cão mesomorfo, sub-convexilíneo com tendências para rectilíneo; tipo bracóide. Nadador e mergulhador exímio e resistente, é inseparável companheiro do pescador, a quem presta inúmeros serviços, tanto na pesca como na guarda e defesa do seu barco e propriedade. Durante a faina da pesca, atira-se voluntariamente ao mar para apanhar e trazer o peixe escapado, mergulhando se for necessário, e procedendo da mesma forma se alguma rede se parte ou algum cabo se solta. É empregado também como agente de ligação entre o barco e a terra, e vice-versa, mesmo quando a distância é apreciável. Animal de inteligência invulgar, compreende e obedece facilmente com alegria a todas as ordens do seu dono. Cão de temperamento ardente, voluntarioso e altivo, sóbrio e resistente à fadiga. Tem a expressão dura e um olhar penetrante e atento. Possui grande poder visual e apreciável sensibilidade olfactiva.
TIPO: mediolíneo, harmónico de formas, equilibrado, robusto e bem musculado. Apreciável desenvolvimento muscular devido ao constante exercício da natação.
II - CABEÇA: bem proporcionada, forte e larga.
CRÂNIO: visto de perfil o seu comprimento predomina levemente sobre o do chanfro. A sua curvatura é mais acentuada posteriormente e a crista occipital é pronunciada. Visto de frente os parietais têm a forma abobadada com leve depressão central, a fronte é ligeiramente escavada, o sulco frontal prolonga-se até dois terços dos parietais e as arcadas supraciliares são proeminentes.
CHANFRO: mais largo na base que na extremidade. A chanfradura nasal é bem definida e situada um pouco atrás do canto interno dos olhos.
NARINAS: largas, abertas e de fina pigmentação. De cor preta nos exemplares de pelagem preta, branca e suas combinações. Nos acastanhados, a cor segue a tonalidade da pelagem, mas nunca deve ser almarada.
BEIÇOS: fortes especialmente na parte da frente. Comissura não aparente. Mucosa bocal (céu da boca, debaixo da língua e gengivas) acentualmente pigmentada de preto.
MAXILAS: fortes e correctas.
DENTES: bons e não aparentes. Caninos fortes e desenvolvidos.
OLHOS: regulares, aflorados, arredondados, afastados e levemente oblíquos. A coloração da íris é preta ou castanha e as pálpebras, que são finas, orladas de preto. Conjuntiva não aparente.
ORELHAS: inserção acima da linha dos olhos, colocadas contra a cabeça, levemente abertas para trás e cordiformes. Leves e a sua extremidade nunca ultrapassa a garganta.
III - TRONCO
PESCOÇO: direito, curto, musculado, bem lançado e de porte alto, ligando-se ao tronco de uma forma harmoniosa. Sem colar nem barbela.
PEITO: largo e profundo. O seu bordo inferior deve tocar o plano do codilho. As costelas são compridas e regularmente oblíquas, proporcionando grande capacidade respiratória.
GARROTE: largo e não saliente.
DORSO: direito, curto, largo e bem musculado.
LOMBO: curto e bem unido à garupa.
ABDOME: reduzido volume e elegante.
GARUPA: bem conformada, levemente inclinada; ancas simétricas e pouco aparentes.
CAUDA: inteira, grossa à nascença e de fina terminação. Inserção média. O seu comprimento não deve ultrapassar o curvilhão. Na atenção enrola-se em óculo, não indo além da linha média dos rins. É um precioso auxiliar na natação e mergulho.
IV - MEMBROS ANTERIORES: fortes e direitos.
ESPÁDUA: bem inclinada de perfil e transversalmente. Forte desenvolvimento muscular.
BRAÇO: forte e de comprimento regular. Paralelo à linha média do corpo.
ANTEBRAÇO: comprido e de forte musculatura.
CARPO: forte ossatura, mais largo de frente que de lado.
METACARPO: longo e forte.
MÃO: arredondada e espalmada. Dedos pouco arqueados, de comprimento médio. A membrana digital, que acompanha o dedo em todo o seu comprimento, é constituída por tecidos flácidos e guarnecida, por abundante e comprida pelagem. As unhas pretas são as preferidas, mas, segundo as pelagens, também são admitidas as brancas, raiadas ou castanhas. Unhas levemente afastadas do solo. Sola rija no tubérculo plantar e de espessura normal nos tubérculos digitais.
V - MEMBROS POSTERIORES: bem musculados e direitos.
COXA: forte e de regular comprimento. Muito bem musculada. A rótula não se afasta do plano médio do corpo.
PERNA: comprida e muito bem musculada. Não se afasta do plano médio do corpo. Bem inclinada no sentido antero-posterior. Toda a estrutura ligamentosa é forte.
NÁDEGA: comprida e de boa curvatura.
TARSO: forte.
METATARSO: comprido. Nunca há dedos suplementares.
PÉS: em tudo idênticos às mãos.
APRUMOS: os aprumos dos membros anteriores e posteriores são regulares. Admitem-se os membros anteriores levemente estacados e os posteriores um pouco acurvilhados.
VI - PELAGEM: todo o corpo se encontra abundantemente revestido de resistente pêlo. Há duas variedades de pelagem: uma comprida e ondulada e outra mais curta e encarapinhada. A primeira variedade é ligeiramente lustrada e fofa, a segunda atochada, baça e reunida em mechas cilindriformes. A excepção dos sovacos e virilhas os pêlos distribuem-se por igual em todo o tegumento. Na cabeça tomam o aspecto de trunfa, na pelagem ondulada e de carapinha na outra variedade. O pêlo das orelhas adquire maior comprimento na variedade de pelagem ondulada.
A coloração da pelagem é simples ou composta: aquela existe o branco, preto e castanho nas suas tonalidades; nesta, misturas de preto ou castanho com o branco.
A pelagem branca deve existir sem albinismo, pelo que as ventas, bordos palpebrais e interior da boca devem ser pigmentadas de negro.
Nos exemplares onde entram as cores preta e branca a pele é ligeiramente azulada. É característica nesta raça a tosquia parcial da pelagem, quando esta se torna muito comprida. A metade posterior do corpo, o focinho e a cauda são tosquiados, ficando, todavia, nesta, uma pequena borla na ponta.
VII - ALTURA: nos machos a altura típica é de 54 cm, admitindo-se à classificação um mínimo de 50 cm e um máximo de 57 cm. Nas fêmeas a altura deve ser de 46 cm, com o mínimo e máximo respectivamente de 43 a 52 cm.
VIII - ANDAMENTOS: movimentos desembaraçados, passo curto, trote ligeiro e cadenciado, galope enérgico.
IX - DEFEITOS
DESQUALIFICAÇÕES:
CABEÇA : muito longa, estreita, chata e afilada;
CHANFRO : muito afunilado ou pontiagudo;
MAXILAS : prognatismo em qualquer das maxilas;
OLHOS : gázeos, claros, desiguais na forma ou no tamanho, muito salientes ou muito encovados;
ORELHAS : má inserção, muito grandes, muito curtas ou dobradas;
CAUDA : amputada, rudimentar ou não existente, pesada, caída na acção ou erecta perpendicularmente;
PÉS : existência de presunhos;
PELAGEM : albinismo, narinas almaradas no todo ou em parte, pêlo diferente dos tipos ou em parte, pêlo diferente dos tipos, descritos;
CORPULÊNCIA : gigantismo ou nanismo;
SURDEZ : congênita ou adquirida.
NOTA: os machos devem apresentar dois testículos de aparência normal, bem desenvolvidos e acomodados na bolsa escrotal.