No fim do século passado, na Bélgica, a situação das raças pastora apresentava-se confusa: o país estava inundado de cães de todo tipo e estatura, de origens incertas, seguidamente medíocres como condutores de rebanhos, quando não perigosos para o viajante. Em um pais como a Bélgica, onde está viva em todos os estratos sociais e paixão por selecionar e melhorar as raças de animais domésticos, resulta paradóxica a escassa atenção prestada ao cão pastor.
Mas os cinófilos atuaram com decisão. Guiados por Reul, da Escola Veterinária de Cureghem, conseguiram agrupar em poucas raças e variedades dos cães que, mais que outros haviam conservado as características consideradas fundamentais e as qualidades necessárias para auxiliar eficazmente o homem no exercício do pastoreio. Assim chegou-se a fixar um grupo de raças belgas de pastores (groenendael, malinois, tervueren, laekenois) e algumas de suas variedades.
PASTOR BELGA GROENENDAEL - Por sua atrativa linha estética, a pelagem reluzente (longa espessa, preta) o groenendael hoje pode competir com os melhores cães de luxo e de companhia. Com esta raça volta a acontecer o que a muitos outros pastores: a inteligência, as qualidades intelectivas e físicas difundiram a sua utilização em setores distintos do original; é assim que este pastor, valente, afetuoso, vigilante, se há revelado ótimo para a defesa e a guarda e tem sido empregado vantajosamente como auxiliar de ação policial e bélica. Entre as raças de pastores belas, é a mais difundida. Criada por Nicolau Rose, proprietário do castelo de Groenendael, ao sul de Bruxelas, originou-se do acasalamento entre Petite, uma fêmea preta com mancha branca no peito, e o macho Piccard D' Uccle (exemplar adquirido diretamente a um proprietário de rebanhos) que tinha características físicas análogas as de Petite. Num primeiro momento pensou-se em batizar "Rose" à Raça, em homenagem ao criador, mas conferir este nome a um cão preto como carvão pareceu um contra-senso. Foi assim que se pensou no lugar de origem, o castelo de Groenendael.
PASTOR BELGA LAEKENOIS - Considerado o mais raro dos pastores belgas, ainda é pouco conhecido (e reconhecido) fora do seu país natal. Distingue-se imediatamente pela pelagem singular, áspera, tipo arame, embora não encaracolada.
Esta raça favorita da rainha Maria Henriqueta da Bélgica, e recebeu seu nome do casleto de laeken, onde ela morava. A raça foi oficializada na Bélgica em 1897.
Os laekenois não servem apenas para guardar ovelhas, mas também roupa branca, de cama e mesa. os animais são roriginários da região de Bloom, perto de Antuérpia, sede de importante ind;ustruia de panos de linho. Postos para "corar" ao sol, nos campos, são vigiados pelos cães de pastor.
PASTOR BELGA TERVUREN - O Tervueren, que se diferencia do groenendael por mostrar a cor loura acarvoada, é considerado mais robusto e muitos criadores o utilizam, precisamente para reforçar o sangue da raça afim. Além disso, pode-se dizer que possuem todas as características comuns aos demais cães pastores belgas. O Tervuren surgiu na Escola Belga de Ciência Veternária sob a orientação do professor Reul em 1891.
Com a mesma origem dos demais pastores belgas, o Tervuren demonstra, algumas vezes, o seu parentesco com o Groenendael: do acasalmento de dois Groenendael pode nascer um filhote Tervuren.
PASTOR BELGA MALINOIS - Na região noroeste do país vive o malinois, cão rústico mas não grosseiro, robustíssimo e por esta razão apto para os trabalhos mais diversos. É o único pastor belga de pêlo curto. É também, segundo consta, o mais antigo, originário da região de Malines, famosa por suas rendas.
Ironicamente, foi só quando o valor deste cão muito robusto declinou, no fim do século 19, que todo mundo voltou a se interessar por ele.
Os cães desta raça obtêm sua coloração final, adulta, aos 18 meses de idade.
PADRÃO DA RAÇA: Bruno Tausz
PASTOR BELGA
Groenandael - Tervueren
Malinois - Laekenois
Padrão FCI nº 015.
Origem: Bélgica;
Nome de origem: Bergers Belges Groenandel, Malinois, Tervueren, Laekenois;
Utilização: pastoreio.
Classificação FCI - Grupo 1 - Cães Pastores e Boiadeiros (Exceto os Suíços);
Seção 1. - Cães Pastores;
ASPECTO GERAL | - quadrado, elegante, robusto, mediolíneo, de cabeça erguida, de olhar esperto e inquiridor. | |
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TALHE | - altura na cernelha: machos 62 cm e fêmeas 58 cm. - tolerância: + 4 cm /- 2 cm | |
- perímetro torácico: mínimo 75 cm, na oitava costela. - profundidade de peito: 31 cm. - comprimento: 62 cm. - peso: (padrão não comenta). | ||
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TEMPERAMENTO | - (padrão não comenta). | |
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PELE | - (padrão não comenta). | |
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PELAGEM | - dupla, subpêlo lanoso e denso, pêlo de aspecto, comprimento e direção variados, abundante, denso e bem texturizado. Pêlo longo - curto na cabeça, face externa das orelhas e terço distal dos membros exceto a face posterior do antebraço, do cotovelo ao carpo, revestida de pêlos longos e franjados Longo e liso no restante do tronco e, mais longo e abundante, ao redor do pescoço e antepeito, onde forma uma juba. Na entrada do pavilhão auditivo forma tufos sendo eriçados abaixo da base das orelhas. Muito longo na face posterior das coxas e na cauda, formando plumagem. Groenandel e Tervueren. Pêlo curto - muito curto na cabeça, face externa das orelhas e face anterior do terço distal dos membros. Curto no restante do tronco, mais denso e eriçado na cauda. No pescoço, forma um colar desde a base das orelhas à ponta do esterno. A face posterior das coxas, franjada com pêlos longos. Malinois. Pêlo duro - caracterizado pelo grau de aspereza e rusticidade da sua pelagem eriçada. Pêlos de igual comprimento por todo o corpo, sendo obrigatória a presença de pêlos um pouco mais longos e mais duros nos supercílios e focinho. Cauda sem franjas. Laekenois. | |
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COR | - Groenandael: preto unicolor. - Tervueren: fulvo-encarvoado, bem saturado. Fulvo claro ou esmaecido não pode ter qualificação EXCELENTE. - Malinois: fulvo-encarvoado, com máscara preta. - Laekenois: fulvo com traços de encarvoado, principalmente, no focinho e cauda. Tolerada uma pequena mancha branca no peito, e ponta dos dígitos. | |
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CABEÇA | - 1:1 - // - comprimento 25 cm - paralelismo de crânio-focinho. | |
Crânio | - comprimento 12,5 cm (metade do comprimento da cabeça), largura média, sulco sagital pouco acentuado. | |
Stop | - moderadamente definido. | |
Focinho | - comprimento de 12,5 a 13 cm, bem cinzelado sob os olhos, largo na base, estreitando-se suavemente. | |
Trufa | - preta, narinas largas. | |
Lábios | - finos, fechando bem ajustados e pretos. | |
Mordedura | - em tesoura, tolerável em torquês. | |
Olhos | - castanho escuros, inserção rente com a pele, tamanho médio, amendoados. Orla das pálpebras, preta. | |
Orelhas | - inserção alta, triangulares, concha bem curvada, rígidas e porte ereto. | |
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PESCOÇO | - ligeiramente alongado e arqueado, sem barbelas. | |
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TRONCO | - comprimento = altura. Nas fêmeas, pode ser um pouco mais longo. Linha superior de nível. Linha inferior em suave curva ascendente. | |
Cernelha | - marcada. | |
Dorso | - reto. | |
Peito | - pouco largo e profundo, no nível do cotovelo; antepeito pouco largo. | |
Costelas | - mais arqueadas no terço superior. | |
Ventre | - em graciosa curva, seguindo a linha do esterno. | |
Lombo | - reto, largo e bem musculado. | |
Garupa | - suavemente inclinada e moderadamente larga. | |
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MEMBROS - ossatura toda consistente, musculatura forte e seca | ||
Anteriores - retos aprumados trabalhando paralelos. | ||
Ombros | - escápulas longas, bem anguladas e amoldadas ao tórax. | |
Braços | - (padrão não comenta). | |
Cotovelos | - (padrão não comenta). | |
Antebraços | - (padrão não comenta). | |
Metacarpos | - fortes, curtos e bem modelados. | |
Patas | - tendendo a ovais, dígitos arqueados e bem fechados, unhas escuras, almofadas espessas e sola flexível. | |
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Posteriores - robustos, trabalhando aprumados no mesmo plano dos anteriores | ||
Coxas | - (padrão não comenta). | |
Joelhos | - (padrão não comenta). | |
Pernas | - (padrão não comenta). | |
Metatarsos | - (padrão não comenta). | |
Jarretes | - (padrão não comenta). | |
Patas | - tendendo a ovais, dígitos arqueados e bem fechados, sem ergôs, unhas escuras, almofadas espessas e sola flexível. | |
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Cauda | - inserção média, grossa na raiz e comprimento no nível dos jarretes. Em repouso portada pendente com a ponta curvada para trás. Em movimento eleva-se, acentuando a curvatura do terço distal, sem enrolar. | |
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Movimentação | - lépida e fluente, com máxima cobertura de solo, demonstrando-se sempre infatigável. | |
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Faltas | - avaliadas conforme a gravidade. Caráter : agressivo ou medroso. Trufa, Lábios, pálpebras : traços de despigmentação. Dentadura : prognatismo superior leve ausência de pré-molares ausência do primeiro pré-molar (P1) que fica logo atrás dos caninos tolerada, sem penalização falta de dois pré-molares (P1) ou apenas um outro, qualquer que seja, degrada um qualificativo. Olhos : claros. Ombros : muito verticais. Posteriores : fracos, jarretes retos. Patas : espalmadas. Cauda : portada muito alta, formando anel, desviada do alinhamento do plano medial do tronco. Pêlo : ausência de subpêlo Cor: cinza, cores pouco saturadas ou esmaecidas, máscara com cores reversas. Obs.: as faltas na cor e na pelagem são as características que revelam a influência de uma raça noutra. | |
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DESQUALIFICAÇÕES - as gerais: 1. dentadura: prognatismo inferior ou superior pronunciado falta de três pré-molares, qualquer que sejam ou de dois molares. 2. orelhas: caídas ou recuperadas. 3. cauda: ausente ou amputada, qualquer que seja o motivo. 4. cor: manchas brancas fora do antepeito ou dos dígitos. Tervueren e malinois ausência de máscara. 5. sexo: machos monórquidos ou criptórquidos 6 caráter: exemplares inacessíveis ou muito agressivos, como os hiper-nervosos e medrosos No julgamento será valorizado o caráter calmo e ousado. | ||
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NOTA: os machos devem apresentar dois testículos de aparência normal, bem desenvolvidos e acomodados na bolsa escrotal. |